Sucesso por onde passa, a exposição “Árvore da Palavra: Território Ancestral, Sagrado e da Criação” aporta, às 17h desta quarta-feira (24), em Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú. São mais de 50 obras, assinadas pela premiada fotógrafa Roberta Guimarães, que apresentam imagens inéditas feitas no Brasil e na África, expressando a força e a beleza de árvores milenares – como o Baobá, o Iroco (gameleira branca), o Umbuzeiro, a Castanheira do Maranhão e a Munguba.
A exposição ficará de quarta (24) a domingo (28) na Praça Monsenhor Alfredo de Arruda Câmara. Na abertura, às 17h, o público poderá participar de um bate-papo com a fotógrafa. Como iniciativa inclusiva, terá interpretação em LIBRAS. As imagens têm audiodescrição gravada, que podem ser acessadas por meio de QR codes localizados nos painéis junto às fotografias. O projeto conta com suporte do Fundo Pernambucano de Incentivo à *Cultura – Funcultura.
Oficina gratuita – Na programação, nos dias 25 e 26 (quinta e sexta-feiras), a partir das 9h, haverá uma oficina de formação em técnicas de impressão e cópias a partir de pigmentos extraídos de flores e folhas (antotipia e fitotipia). As inscrições são gratuitas, abertas aos 15 primeiros interessados, e podem ser feitas através do
e-mail arvoredapalavraexpo@gmail.com, ou direto com a equipe no local, mediante disponibilidade de vaga.
No primeiro dia (25), os participantes se encontram na praça, onde ocorre a exposição, para coleta de material para os pigmentos a serem usados na oficina, seguindo para a Biblioteca da cidade, onde segue a atividade até às 16h. No dia seguinte (26), no mesmo local, a oficina vai até às 12h.
Fotografias – A mostra conta com 57 fotografias, dispostas em 35 paineis confeccionados em tecido tactel, que narram encontros nas Árvores da Palavra em Pernambuco – na Zona da Mata, Agreste e Sertão –, no Senegal, na Nigéria e no Benin – no continente africano. As obras estarão distribuídas em cinco núcleos temáticos: memória, ocupação, sagrado, tradição e da pele.
Como suporte, foram utilizadas as próprias árvores, – conectadas por meio de varais de cabo-de-aço. As obras, confeccionadas em canvas, material resistentes às intempéries (sol, chuva, vento), estarão em chassis de 90×60, acompanhados de textos narrativos informando sobre o projeto.
Ser vivo – O projeto vem sendo desenvolvido desde 2018, quando a fotógrafa começou a ter contato com autores como Mia Couto, Agualusa, Davi Kopenawa e Ailton Krenak, que tratam da questão ambiental conectada às relações espirituais em várias comunidades.
“As árvores são a maioria dos seres vivos na terra e são elas que também vivem mais. Precisamos mais delas do que elas de nós. Com minha aproximação do pensamento vegetal desses autores, percebi a importância de apresentar essas relações poéticas, afetivas e ancestrais das pessoas com as árvores”, explica Roberta. “A ideia da exposição não é só trazer as imagens das árvores. mas de poder trazer um pouco dos relatos, ou pequenas narrativas dessas relações, aproximando a população da urgente necessidade de preservação e consciência ambiental.”
Tradição – A curadora da mostra, a pesquisadora Joana D’Arc Lima, ressalta a importância das africanas árvores da palavra, que não falavam, apenas escutavam os ruídos, os silêncios, as palavras e os corpos animados e inanimados da mãe natureza.
“Na tradição africana, de maneira geral, essas árvores foram feitas para ouvir todo o vilarejo. Conta-se que todo o vilarejo possui uma árvore da palavra ou dos conselhos. Sob essas árvores, as pessoas sentam para discutir, tomar decisões, contar histórias, buscar conselhos”, diz.
Ela ressalta que o olhar do espectador, é conduzido pelas lentes de Roberta, consegue identificar os encontros embaixo de árvores, as relações e conexões com a presença de narradores/as, contadores/as de histórias que recolocam as experiências ancestrais de matriz africana e indígena em nosso cotidiano, apesar dos “mundos digitais” que insistem em invadir nossas vidas”, completa.
Pesquisa – As fotografias foram produzidas durante pesquisa com o mesmo nome da exposição – viabilizada pelo Funcultura (2016/2017). O trabalho foi realizado no Recife e nas três outras regiões do estado: Zona da Mata, Agreste e Sertão. Ainda, na Nigéria, Senegal e Benin, países do continente africano.
A mostra itinerante começou pelo Agreste, com parada na cidade de Brejão, de 17 a 21 de julho. Em novembro, estará no Recife, na Galeria Arte Plural.
Ficha técnica – Na produção executiva, Imago Fotografia e Aline V. Linden; design da exposição, Séphora Silva; design gráfico e de sinalização: Luciana Calheiros e Aurélio Velho; tratamento de imagem: Robson Lemos. O projeto de acessibilidade comunicacional contou com: roteiro e narração: Liliana Tavares; consultoria de Michelle Alheiros, edição de Leo Alfinete e produção de QR codes, Robson Ugo Souza. Intérprete LIBRAS em : Valéria Moura. Montagem: GF Montagens; impressão: Armazém da Estampa; assessoria de imprensa e redes sociais: Laura Cortizo e Márcia Guenes.
No Agreste e Sertão, a equipe contou, ainda, com produtores locais: Cesar Monteiro (Curiquinha dos Negros/Brejão) e Cláudio Gomes (Afogados da Ingazeira); e, apoio educativo: Lua (Curiquinha dos Negros/Brejão) e Sandra Carvalho (Afogados da Ingazeira).
Serviço
Exposição Árvore da Vida @arvoredapalavra
Por Roberta Guimarães @roberta.guimaraes.fotografia
Informações: arvoredapalavraexpo@gmail.com
Etapa itinerante
Afogados da Ingazeira/Sertão
Local: Praça Monsenhor Alfredo de Arruda Câmara
24 a 28/07 – Exposição
25 e 26/07 – Oficina