O governo venezuelano acusou o Brasil de tentar “enganar” a comunidade internacional, um dia depois de o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciar o “tom ofensivo” de Caracas em meio às crescentes tensões diplomáticas entre os dois países.
Segundo um comunicado divulgado, neste sábado (02/11), pelo chanceler venezuelano, Yván Gil, o Itamaraty “tenta enganar a comunidade internacional, fazendo-se passar por vítimas em uma situação em que claramente agiram no caráter de algozes”.
“O Itamaraty empreendeu uma agressão descarada e grosseira contra o Presidente Constitucional, Nicolás Maduro Moros, de instituições e poderes públicos”, acrescentou o texto.
As tensões bilaterais escalaram após o veto do Brasil à entrada da Venezuela no Brics, bloco de economias emergentes, e aos questionamentos do governo brasileiro sobre a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de seis anos (2025-2031), em meio a denúncias de fraude da oposição.
“O governo brasileiro constata com surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais”, manifestou-se o Ministério das Relações Exteriores brasileiro em nota publicada na sexta-feira (01/11).
O governo Lula tem se negado a reconhecer Maduro como vencedor das eleições de 28 de julho passado, caso não seja publicado um escrutínio detalhado do pleito. A oposição reivindica a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia.
As tensões se intensificaram ainda mais após o veto brasileiro ao acesso da Venezuela ao Brics na semana passada, durante a cúpula do bloco em Kazan, na Rússia.
Como consequência, o governo venezuelano chamou para consultas seu embaixador em Brasília e convocou o encarregado de negócios do Brasil em Caracas.
Maduro acusou o Itamaraty de “conspirar contra a Venezuela”, embora tenha evitado responsabilizar diretamente o presidente Lula pelo veto no Brics. Com informações da AFP.