O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do governo brasileiro reagiram nesta segunda-feira (7) às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. Sem citar diretamente o nome do líder americano, Lula afirmou em suas redes sociais que “a defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros” e que o país “não aceita interferência ou tutela de quem quer que seja”. A resposta veio após Trump publicar na Truth Social que o Brasil está fazendo “algo terrível” com Bolsonaro e pedir para “deixarem Bolsonaro em paz”.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi mais direta em sua resposta ao presidente americano. Em suas redes sociais, a petista afirmou que “Donald Trump está muito equivocado se pensa que pode interferir no processo judicial brasileiro” e relembrou que “o tempo em que o Brasil foi subserviente aos EUA foi o tempo de Bolsonaro, que batia continência para sua bandeira e não defendia os interesses nacionais”. Hoffmann ainda sugeriu que Trump deveria “cuidar de seus próprios problemas, que não são poucos”, demonstrando o tom firme adotado pelo governo brasileiro diante das críticas externas.
Durante entrevista na 17ª Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, Lula reforçou a posição soberana do país ao ser questionado sobre as declarações de Trump. “Portanto, que deem palpite na sua vida e não na nossa”, declarou o presidente brasileiro, enfatizando que o Brasil possui “instituições sólidas e independentes” e que “ninguém está acima da lei, sobretudo os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”. O advogado-geral da União, Jorge Messias, também se manifestou, afirmando que “qualquer tentativa de interferência em nossos assuntos internos será firmemente rechaçada”.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal, segundo informações obtidas em reservado pelo comentarista Valdo Cruz da GloboNews, optaram por não entrar em polêmica direta com Trump, avaliando que a resposta deve vir dos campos da diplomacia e da política. Um magistrado, em conversa reservada, considerou “risível a fala de Trump” e destacou que “as instituições brasileiras estão funcionando melhor do que as dos Estados Unidos”. Outro ministro destacou que a ação penal em que Bolsonaro é réu está julgando tudo aquilo que “vimos no Brasil no final de 2022 e início de 2023. Está tudo documentado e ele está tendo a oportunidade de se defender”.
No Palácio do Planalto, assessores presidenciais compartilham da mesma avaliação dos ministros do STF, interpretando que a manifestação de Trump revela maior preocupação com a reunião do Brics do que se imaginava inicialmente. Bolsonaro, que agradeceu publicamente o apoio de Trump, é réu no STF por tentativa de golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022 e está inelegível por oito anos por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. O ex-presidente enfrenta acusações de ter chefiado uma organização criminosa que planejou impedir a posse do governo eleito, com 497 pessoas já condenadas pelo STF por participação na tentativa de golpe.