A tarifa de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos (EUA) pode impactar nas exportações de Pernambuco ao país. De acordo com o economista e coordenador de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), José Farias, esse impacto pode ser na ordem de R$ 1 bilhão ao ano.
“Pernambuco é o quarto maior exportador do Nordeste para os Estados Unidos. Em particular, neste ano de 2025, o cenário está menos dinâmico, com menos exportação para os Estados Unidos do que ano passado. Mas se a gente tomar como base ano passado, é uma perda de mais ou menos R$ 1,1 bilhão por ano para Pernambuco”, afirma o economista.
Segundo dados do sistema Comex Stat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), os principais produtos exportados ao EUA por Pernambuco foram o açúcar (R$ 63,9 milhões), a uva (R$ 30,8 milhões) e o petróleo (R$ 18,6 milhões).
De acordo com o economista e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Luiz Maia, a receita de exportação desses setores pernambucanos cairá. Com isso, terão que trabalhar com uma margem de lucro mais apertada ou procurar outros destinos para sua exportação. “Por exemplo, com essas tarifas, uma manga brasileira, em vez de custar US$ 1 lá nos Estados Unidos, vai passar a custar US$ 1,50. Talvez o consumidor ainda continue a comprar. O risco é que o Walmart vai tentar negociar, tentando a compra do produto por um valor mais baixo”, aponta.
Nordeste
De acordo com avaliação da Sudene, em 2024, o Nordeste pode perder até R$ 16 bilhões ao ano em exportações. No ano, Bahia, Maranhão, Ceará e Pernambuco protagonizaram as exportações para os norte-americanos, sendo responsáveis por US$ 2,5 bilhões, aproximadamente R$ 14 bilhões. Nesse período, a região exportou pouco mais de R$ 15,6 bilhões, considerando o valor do dólar de hoje (10).
Segundo o superintendente da Sudene, Danilo Cabral, nessa decisão do governo dos Estados Unidos não há ganhadores, só perdedores. “Ao mesmo tempo em que um país exporta, também é importador. O mercado nordestino importou quase US$ 6 bilhões, ou seja, R$ 33,5 bilhões, em 2024 em produtos norte-americanos. Aplicando a regra da reciprocidade, os norte-americanos têm bem mais a perder do que a ganhar com a medida de seu presidente”, destacou.
Brasil
De acordo com dados do sistema Comex Stat, as exportações do Brasil para os EUA totalizam US$ 40,37 bilhões. Os produtos com o maior volume de exportações realizadas no ano foram: “Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos”, no total de US$ 5,83 bilhões, seguido por “Produtos semimanufaturados de ferro ou aço não ligado” (R$ 2.8 bi); Outros veículos aéreos (por exemplo: helicópteros e aviões) (US$ 2.38) e café não torrado (R$ 1,9 bi).
Do DP