A celebração que hoje mobiliza milhões de famílias ao redor do mundo tem raízes muito mais profundas do que se imagina. O Dia dos Pais não é uma invenção moderna, mas sim uma tradição que atravessa milênios, conectando civilizações antigas aos lares contemporâneos através de um sentimento universal: o reconhecimento da figura paterna.
A história mais remota dessa homenagem remonta a aproximadamente quatro mil anos, na antiga Babilônia, onde um jovem chamado Elmesu, filho do rei Nabucodonosor, esculpiu em argila o que seria considerado o primeiro cartão do Dia dos Pais da história. Aquele gesto simples, mas carregado de significado, plantou a semente de uma tradição que se espalharia por diferentes culturas e épocas, sempre carregando desejos de vida longa e saúde para os pais.
Nos Estados Unidos, a versão moderna da data nasceu de uma história tocante de superação familiar. Em 1909, Sonora Louise Smart Dodd, uma das seis filhas criadas sozinhas pelo pai viúvo William Jackson Smart – um agricultor e veterano de guerra -, ouviu um sermão sobre o Dia das Mães e decidiu que os pais também mereciam uma homenagem especial. Sua determinação levou à primeira celebração oficial em 19 de junho de 1910, no estado de Washington, data escolhida para coincidir com o aniversário de seu pai.
Curiosamente, a rosa foi eleita símbolo da data: vermelhas para os pais vivos e brancas em memória dos que já partiram. A jornada para a oficialização nos Estados Unidos foi longa e repleta de resistências. Muitos homens da época desprezavam a data, considerando-a uma tentativa sentimental de “domesticar a masculinidade” com flores e presentes.
Durante as décadas de 1920 e 1930, chegou a existir um movimento para substituir tanto o Dia das Mães quanto o Dia dos Pais por uma única celebração chamada “Dia dos Pais” (Parents’ Day). Paradoxalmente, foi a Grande Depressão que fortaleceu a data, quando varejistas desesperados a promoveram como um “segundo Natal” para homens. Somente em 1972, o presidente Richard Nixon tornou o Father’s Day um feriado federal oficial, 58 anos após a oficialização do Dia das Mães.
No Brasil, a história da data tem um protagonista bem definido: o publicitário Sylvio Bhering, diretor do jornal O Globo e da Rádio Globo no Rio de Janeiro. Em 1953, atendendo aos “pedidos dos leitores” que desejavam uma festa similar ao Dia das Mães, Bhering criou o “Dia do Papai”, anunciado pela primeira vez em 1º de junho daquele ano. A data escolhida foi 16 de agosto, coincidindo com o Dia de São Joaquim, pai da Virgem Maria e figura central na tradição católica.
O sucesso da iniciativa foi imediato, e a celebração se espalhou por todo o país, evoluindo posteriormente para o segundo domingo de agosto, mantendo analogia com o Dia das Mães. Hoje, a data representa a quarta comemoração mais lucrativa para o comércio brasileiro, movimentando bilhões de reais anualmente e consolidando-se como um momento especial de união e reconhecimento familiar.
Por Alvinho Patriota