Pernambuco

Aumento de reconstruções faciais após acidentes de moto preocupa profissionais do HR

Belmiro Vasconcelos, com 39 anos de carreira, fica irritado ao transitar de carro pelo Recife. Ao parar nos semáforos, puxa o celular e começa a tirar fotos.

“Dos Aflitos para Boa Viagem, 33 minutos aqui registrado, eu vi cinco pessoas em moto cometendo infração. As cinco tinham que ser detidas e ter as motos apreendidas. Não há fiscalização”, ele reclama em áudio.

A frustração é compreensível. Cada motociclista imprudente é um potencial paciente de Vasconcelos.

Coordenador da residência em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial do Hospital da Restauração (HR), no Recife, ele tem se assustado com a quantidade de pessoas que chegam com lesões na face em decorrência de acidente de moto.

“De uns quatro anos para cá, aumentou a prevalência de pessoas que chegam ao hospital por causa de acidente de moto. Se você tem 10 acidentes que chegam aqui, seis ou sete são de moto em média”, ele diz.

Vasconcelos, que também é presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF), cita alguns fatores que podem explicar o aumento de acidentes com moto: necessidade de emprego, que faz com que uma parcela da população recorra a trabalho de motociclista por aplicativo; qualidade ruim do transporte público; ausência de educação de trânsito continuada; e fiscalização insuficiente.

Os serviços de Uber Moto e 99 Moto chegaram ao Recife entre o final de 2021 e o início de 2022. “É uma questão de saúde pública. Eu acho que o governo deveria atuar imediatamente, porque aguentar todo o grosso de acidente da região metropolitana não é fácil”.

“Quando as pessoas vêm criticar o HR a mim, eu fico muito bravo”, ele diz. “Agora, não dá para um plantão que deveria atender 100 pessoas atender 300”.

Segundo a assessoria do HR, 653 pessoas foram admitidas no serviço de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial da unidade de março de 2024 a fevereiro de 2025. Desse total, 467 pacientes foram internados por causa de traumas diversos. Cerca de 78% dos internados precisaram passar por procedimento cirúrgico.

Do DP

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