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Reviravolta inesperada no caso do caminhão que fechou o Rodoanel com bombas em SP

Em um desfecho que ninguém esperava, o motorista que paralisou o Rodoanel Mário Covas por mais de cinco horas na última semana, alegando ter sido feito de refém por criminosos armados e com explosivos pertencentes ao Comando Vermelho, confessou nesta quarta-feira (19) que tudo não passou de uma encenação.

Dener Laurito dos Santos, 52 anos, compareceu à Delegacia de Taboão da Serra por volta das 14h e, pressionado pelas contradições apontadas pelos investigadores, admitiu ter inventado a história do sequestro. Ele próprio montou o falso artefato explosivo com materiais inofensivos e se amarrou dentro da cabine da carreta antes de travar o veículo no km 44 da via, sentido Dutra, na manhã do último dia 12.

Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que a carreta começa a fechar outros veículos sem motivo aparente. Um motorista que conseguiu desviar contou à polícia que não viu qualquer ação criminosa, apenas manobras perigosas da carreta que o obrigaram a acelerar para escapar.

A gravação mais reveladora, no entanto, mostra o próprio Dener parando o caminhão em um ponto mais deserto, descendo para urinar e, em seguida, jogando sozinho uma pedra contra o para-brisa, que seria o tal “ataque” que ele alegava ter sofrido minutos antes do suposto sequestro.

O que se seguiu naquela manhã foi um megaoperativo: interdição total dos dois sentidos do Rodoanel, 40 km de congestionamento, acionamento do Esquadrão Antibombas do GATE, helicóptero Águia da Polícia Militar no local e um cães farejadores. Só depois de quase cinco horas os policiais confirmaram o óbvio: não havia bomba alguma, tudo era falso.

Motoristas que pararam para ajudar na ocorrência, inicialmente, encontraram Dener gritando frases desconexas, aparentemente em pânico. Ele permaneceu imóvel, de braços cruzados, até ser retirado da cabine por um agente do GATE. Ao se projetar para fora, desabou aparentemente desmaiado e foi levado de ambulância a um hospital da região.

O portal g1 afirma ter falado com o motorista nesta tarde (18). Ele teria dito que está fazendo acompanhamento psicológico junto com sua filha e evitou falar sobre o caso: “Vou ver isso com a minha esposa porque estou passando no médico. Preciso verificar algumas sessões para passar com o psicólogo”, teria respondido ao g1 quando foi pedida a ele uma entrevista.

Os exames toxicológicos realizados no dia do ocorrido ainda não tiveram resultado divulgado.

O episódio ganhou enorme repercussão exatamente na semana em que setores da extrema direita pressionavam o Congresso Nacional para incluir o crime de narcotráfico na definição legal de terrorismo, uma proposta que, para muitos especialistas, é uma bobagem de grande exagero. A narrativa inicial de um caminhoneiro sequestrado e amarrado a explosivos por obra de facções, justamente naquele dia, parecia cair como uma luva no debate da hora. Caberá agora à Polícia Civil de São Paulo, numa investigação independente e sem interferências, apurar se Dener agiu sozinho e por conta própria, ou se há mais alguém por trás da história rocambolesca.

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