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‘Se eu falar que não tenho medo, é loucura’, diz serratalhadense que viu chuva de mísseis em Israel

O pernambucano Kaleb Bensaud Bensossan, de 51 anos, disse que nunca viu um bombardeio tão grande na região quanto os ataques com mísseis e drones do Irã. Ele mora há cerca de 10 anos em Berseba, cidade ao sul de Israel.

“A sirene [que avisa quando há bombardeios] tocou por duas vezes. E cada uma delas por mais de 10 minutos”, contou Kaleb. “Durante o tempo todo, [eu vi] uma chuva de míssil.”

O ataque aconteceu em resposta à destruição do consulado iraniano na Síria, no início do mês. Os mísseis foram lançados e interceptados na noite de sábado (13) e na madrugada deste domingo (14). Durante o período, Bensossan e a família se esconderam em um quarto antibombas.

O abrigo, de nove andares, é construído com aço e concreto para resistir a eventuais explosões. E, apesar de um dos mísseis ter atingido uma região próxima ao local, o edifício não foi atingido.

“[De todo modo], se eu for falar que não tenho medo, é loucura […] É igual estar num trem com todo mundo ali, seu destino final é o mesmo”, afirmou.

Na manhã deste domingo (14), apesar do medo, Kaleb disse que a cidade em que vive está “70% dentro da normalidade”. Ele foi trabalhar presencialmente, mas vários colegas preferiram ficar em casa. O pernambucano é formado em direito e funcionário de uma empresa de tecnologia.

Ele foi para o país por questões religiosas, depois de ter presidido um centro judaico em Rondônia, onde trabalhava como concursado do Ministério Público estadual.

Kaleb afirmou também que sua maior preocupação é pelos filhos. Dois deles, Ester, de 18 anos, e Samuel, de 15, vivem com ele em Berseba, mas a filha mais velha, Rebeca, de 21 anos, trabalha como policial de fronteira na Cisjordânia, território árabe a leste de Israel.

“Temo pela segurança dela, claro que a pessoa se preocupa. Se ela fosse uma policial militar trabalhando no Rio de Janeiro, eu também ia me sentir preocupado. Mas não exatamente por ela estar na Cisjordânia. A Cisjordânia, pra nós, é a Judeia e a Samaria”, disse.

O pernambucano afirmou que confia na capacidade da defesa área israelense e no apoio tático de potências do ocidente como Estados Unidos e Reino Unido. Por isso, afirma que não deseja voltar ao Brasil, mesmo após a escalada do conflito.

Do G1

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