O Gabinete da Central de Agilização Processual, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), condenou, na ultima quinta-feira (2), Thiago Emanuel da Silva por induzir pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) a pagarem por procedimentos e cirurgias que deveriam ser gratuitos quando era chefe da Emergência Ortopédica do Hospital Regional do Agreste (HRA), em Caruaru.
Segundo a denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Thiago se valia do cargo para coordenar o esquema, que configuraria enriquecimento ilícito, dano ao erário e violação aos princípios da administração pública.
Uma testemunha narrou ao longo do processo que foi abordada pelo réu em um momento de “extrema vulnerabilidade”.
Segundo os autos, ele “lhe apresentou um cenário alarmante sobre a demora de sua cirurgia e o risco de perda do membro, para, em seguida, oferecer-lhe uma solução mediante o pagamento de R$ 3.900,00”. O episódio ocorreu em 2015.
A mulher sofreu um acidente e deu entrada na emergência do HRA. Segundo o testemunho, após alguns dias internada, Thiago e uma segunda pessoa a abordaram e perguntaram se ela teria condições de pagar por uma prótese para o braço. Caso tivesse, ele conseguiria que ela fizesse o procedimento.
Ele teria dito que não havia condições de fazer a cirurgia tão cedo porque o hospital estava lotado e que a paciente acabaria perdendo o braço se não conseguisse o dinheiro para a prótese. Após efetuar o pagamento, ela foi operada no próprio hospital.
Ainda segundo ela, o pagamento foi feito em uma “salinha” da unidade. Ele fechou o acordo no fim de semana e a mulher foi operada já na segunda-feira seguinte.
O caso foi descoberto pela Polícia Civil, que deflagrou a Operação Hipócrates em 2015, quando cumpriu nove mandados de prisão. Segundo a polícia, um grupo, liderado por Thiago Emanuel, exigia dinheiro para adiantar datas de cirurgias. Na ocasião, seis pacientes haviam alegado ter sido vítima do esquema.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Thiago Emanuel. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) foi procurada, mas não respondeu até a publicação.
Do DP